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domingo, 16 de janeiro de 2011

CONFISSÕES DE UMA EX-BADA

"Demorei anos a perceber que as comédias românticas não reflectem a vida como ela é, mas antes o espelho de Harry Potter.
Quanto tempo demoramos a conhecer uma pessoa? Eu diria meia dúzia de anos, no mínimo. E de preferência com alguns episódios/acidentes pelo meio, para conseguirmos conhecê-la tanto nas fases boas como nas más, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade, na alegria e na tristeza, na realização e na privação.

Conhecer bem uma pessoa requer mais do que objectividade e perspicácia; dedicação, inteligência e uma boa dose de amor também ajudam, pois a nossa disponibilidade para o outro é tanto maior quanto a nossa capacidade de o aceitar e de o amar tal como ele é, sem máscaras nem comportamentos encenados de comédia romântica.

Não tenho nada contra comédias românticas, até sou capaz de passar semanas em frente do ecrã a deglutir histórias de amores impossíveis cheias de peripécias cómicas/apaixonantes que acabam quando se tornam possíveis. Uma comédia romântica é um paliativo distractivo e funciona como um analgésico - pode aliviar a dor, mas não a cura.

O grande problema das comédias românticas é que elas nos tornam alérgicos à vida. Isto é, tudo o que elas mostram não é verdade, e tudo o que na vida se assemelha a uma comédia romântica geralmente dá mau resultado.

Mesmo assim, demorei alguns anos a perceber que as comédias românticas não reflectem a vida como ela é, mas antes o espelho de Harry Potter, que mostrava a quem o olhasse, não o passado nem o futuro, mas o que cada um gostava que a sua vida fosse. Ou seja, não um espelho da realidade, mas uma projecção de sonhos e de desejos, quase nunca realizáveis.

É claro que quando temos 20 ou 30 anos gostamos de pensar que o príncipe encantado existe e que é exactamente como o imaginámos; sentimos que somos a Carrie de Sexo e a Cidade ou a Meg Ryan em Um Amor Inevitável, em Sintonia de Amor ou em Você Tem uma Mensagem. Mas o tempo passa e a Meg Ryan perde a graça e a frescura à conta de tantas injecções de botox e de querer preservar aquele ar inocente/pretensamente forte de heroína romântica. Na verdade, aquelas mulheres nunca existiram. Tentar viver a vida como elas é um disparate, dá imenso trabalho e não leva a lado nenhum.

Voltando à pergunta inicial, e partindo do pressuposto que a vida é uma coisa e que as comédias românticas são outra, basta pensar que nas comédias românticas o homem só ressona depois de viver com a heroína há mais de seis meses. Na vida real um homem que ressone, ressona sempre, a não ser que seja submetido a uma intervenção cirúrgica, que nem sempre resolve o problema. É claro que um homem que ressone não deixa de ser amado por isso, mas terá de perceber que poderá ser amado, apesar disso.

Talvez a partir dos 40 uma pessoa já não organize a sua lista de requisitos em relação ao que deseja no outro em função das qualidades que ele devia ter, mas em função dos defeitos que não tem: um homem que seja mentiroso, mandrião, conquistador, que fume um maço de cigarros por dia e que embirre com a minha família não pode estar ao meu lado. E já agora, convém que não ressone. Afinal, não somos nenhumas heroínas, a não ser à força, quando a vida nos obriga."

Por Margarida Rebelo Pinto in
http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=8839&opiniao=Opini%E3o

Foi o primeiro texto que eu li desta gaja e finalmente vê-se uma gaja a dizer a verdade e não a merda que se vê no Sex and the city. Presumo que seja uma ex-bada que se apercebeu que ser bada é uma merda. Enfim, independemente de críticas e subjectividades o texto é bom e vale a pena lê-lo.

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